Friday, 15 August 2008

Dago e Dago II

Após alguma atribulação de vai e não vai, atendendo que a previsão do mar não era das melhores, lá acabei finalmente por obter a confirmação do Artur de que realmente iria poder satisfazer a minha vontade em mergulhar novamente no Dago. E, conforme combinado, lá fui eu e o Casimiro por essa estrada abaixo para nos encontrarmos em Peniche. 15/08/2008
Após prepararmos o material e verificar se tudo estava bem, zarpamos em direcção ao tão desejado “spot”, para efectuar um mergulho de 30min a uma profundidade média de 48m e 46min de DECO. Uma vez lá chegados, estavam pescadores sobre o naufrágio, que nos impossibilitaram o mergulho. Assim, fomos forçados a ir visitar um outro navio, que pela proximidade e se encontrar nas mesmas cotas, se chama Dago II. Seguindo as verificações da praxe, juntamo-nos junto ao cabo da âncora, Eu e o Casimiro primeiro e logo de seguida o Artur.












Com uma visibilidade em torno dos 15m, fomos descendo na ânsia de chegar ao fundo, não esquecendo evidentemente de fazer uma paragem de controlo aos 6 e 30m. Passada a barreira dos 30m, já se vislumbrava os destroços da embarcação, e na medida da aproximação, fui vendo as várias chapas, umas caldeiras, o enorme veio de transmissão e a sua respectiva hélice, entre outras peças diversas. Quanto à vida marinha, vi alguns Safios metidos nos vários buracos, um enorme nas imediações do hélice, digamos que bastante grande ! Um lavagante e umas santolinhas. Claro está, que 30min embora pareça muito, sabe sempre a pouco, portanto regressamos ao cabo para começar a fatídica descompressão já a pensar na próxima “aventura”. Acreditem, mesmo com fato seco, uma temperatura de fundo de 13º e de superfície de 17º e tanto tempo de DECO tornam-se bastante desconfortáveis!

Manuel Silveira










Nota importante a todos os "Tek´s" por Artur Lagoá:

Neste mergulho, houve a necessidade de alugar uma deco, que por "inocência" na altura, pensei que viria com o respectivo regulador. No vai não vai, toca a  ir buscar um regulador de reserva, retirar mangueiras, um corre-corre para não atrasar a saída.
Durante a deco, para grande surpresa, ao abrir a garrafa de deco já pressurizada, é que de repente saí uma núvem de bolhas; fecha a torneira, volta abrir, a mesma coisa... Á superfície não foi detectada esta falha, coma  pressurização rápida da garrafa de deco;
sem deco, o gás de reserva nas bis ainda que respeitando a regra dos terços, não permitia fazer a descompressão na totalidade.
A única opção possível, seria tirar um dos reguladores das bis em pleno azul, e montar na deco, ou, fazer partilha de gás com um dos buddies, o que em descompressão cada um é responsável pelos seu gás para não pôr em causa a descompressão e segurança dos nossos buddies. Felizmente todos levamos decos S080 que nos permitiam quase 12L de gás de descompressão acelerada. O frio das águas já se tinha instaladado, ao ponto de passado 2 dias ainda estar uma das mãos doridas de estar a segurar o cabo.O frio, também não favorecia grandes manobras de montagem e remontagem, e não seria nada simpático ou agradável a visão de ver um regulador a cair pelo azul até ao Dago, já nem pensando apenas na perda de material, mas antes na perda de uma peça que poderia ser fundamental para o mergulho.

O Casimiro teve a cortesia de partilhar o seu gás de deco, que posteriormente e em caso de necessidade poderíamos usar o seu regulador da deco, para colocar na minha deco alugada.

Resumindo e mea culpa:
Mergulho técnico, deve ser feito com o nosso próprio material.
Pressas ficam fora do Mergulho Técnico: Verificar e Reverificar o equipamento e material com toda a calma a precisão.
Verificar e Recalcular planos de Mergulho Iguais para Todos os Mergulhadores do Grupo, com as mesmas misturas incluíndo para a descompressão acelerada, nomeadamente 2/3 planos por contingência e sem esquecer o "pior cenário".
Verificar sempre a troca de gás do buddy, para evitar enganos na troca de gás descompressivo /ou gás de fundo; isto ainda mais importante é, quando se utilizam várias misturas.
Ter sempre os buddy´s dentro do campo de visão, para que mantenham as profundidades permitidas pelas misturas descompressivas e cumpram o calendário descompressivo do plano pré-estabelecido ao minuto.

Por essas e por outras, nas saídas de mergulho técnico que ADNG passou a fazer no Norte do País ter sempre um ou mais mergulhadores de apoio, equipado com as mesmas misturas que o grupo utilizará, independentemente de ser um mergulho aos 50, 60, 70, etc.
O Grupo que faz o mergulho poderá estar mais sossegado, pois sabe que a meio caminho estará alguém com mais gás disponível, apto a resolver uma situação de emergência ou simples desconforto, tornando o mergulho e a respectiva descompressão, bem mais tranquilizantes para todos. Esse(s) mergulhadores de apoio, não estiveram sujeitos à mesma profundidade que o grupo, e como tal, têm uma margem de manobra bastante superior para ajudar qualquer um dos mergulhadores.

Optar por não ter Mergulhador(es) de Apoio, num mergulho técnico a qualquer profundidade ou tempo de fundo, é um risco desnecessário.